Arquivo do mês: novembro 2008

A imagem do policial na mídia escrita

UNIVERSIDADE DE BRASILIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA

II CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E CIDADANIA

 

Disciplina: Valorização Profissional e Saúde

Professor: Dra. Analía Soria Batista

Aluno: Aderivaldo Martins Cardoso

2° Semestre de 2008.

 

 

Resenha do Relatório Final de Pesquisa: ASSIS, Simone Gonçalves. A Imagem do Policial na Mídia Escrita

 

 

Para a autora é difícil definir de forma precisa e exata o impacto da cobertura da mídia escrita, quando relacionada à percepção da pública das forças policiais, devido a exigência de diversos fatores para a sua consecução. Entretanto, podemos tomar como parâmetros capitais de Estados brasileiros que apresentam as mais elevadas taxas de mortalidade por homicídio, além de configurações similares, o que nos proporciona uma fonte plausível de dados acerca do tema.

A temática da segurança pública tornou-se preocupação social e ingrediente fundamental de disputas políticas, pois interfere diretamente na rotina da comunidade. Isto é em decorrência do pensamento comum de que a atividade policial influi diretamente nos índices criminais. Verifica-se uma evolução da imprensa escrita no que tange à cobertura policial nos últimos anos, apresentando-se, de outra feita, certa incerteza sobre a qualidade da informação de eventos violentos, devido à inabilitação dos dados desta informação nos órgãos oficiais e nas formas de exposição destes acontecimentos. Tal afirmação causa preocupação pelo considerável espaço que a atuação policial conserva nos jornais, traçando liames relacionados à incapacidade estatal de controle criminal. Destacam-se ocorrências urbanas violentas, ligando-as com o aumento da criminalidade e este com a insegurança do cidadão. Contudo, em um palmilhar diametralmente oposto, nota-se um acompanhamento mais elaborado com relação à violação dos direitos humanos, materializado por estabelecimento de discussão e debates acerca da segurança pública e da participação social, protagonizados pela mídia escrita e televisionada.

Observam-se com isso, que dependendo do viés verificado, pesquisas demonstram claramente a percepção social negativa dirigida às forças policiais, sendo consideradas em alguns locais, o principal agente da violência. Muitas vezes, a classe social busca em sua defesa fatores como falta de conhecimento e incompreensão da missão institucional por parte da comunidade como determinantes para a visão torpe ostentada pela categoria no meio social. Aponta ainda a mídia como responsável direta pela desaprovação social, devido aos informes sensacionalistas pautados na necessidade de comercialização do produto mediático, ou seja, a notícia.

Os órgãos responsáveis pela segurança pública em âmbito federal e nas unidades federativas buscam relacionar os dados atinentes a seus efetivos policiais – civis, militares, técnicos e bombeiros – viabilizando também uma inquirição mais aprofundada sobre as peculiaridades, similitudes e, primordialmente, dessemelhanças entre as instituições. Estabelece-se um perfil mais individualizado das corporações, com expectativas, propostas e visões institucionais próprias, com posterior ligação com os debates sobre segurança pública viabilizados com os demais atores sociais, buscando assim um conhecimento coletivo mais aprofundado dos pormenores das diferentes forças policiais.

Perpassando por políticas de qualificação profissional, modernização e alterações estruturais e culturais acerca dos aspectos abrangentes do serviço policial, enquadrando-o na função de resguardo dos direitos individuais, inclusive em situações de conflito, pesquisadores e estudiosos da temática balizam ações e modificações a serem adotadas para a aplicação correta da polícia em um estado democrático de direito. A autora elenca bases para a formação dos efetivos policiais em um prisma democrático, ressaltando o caráter de proteção da cidadania, o emprego da polícia dentro de uma política geral de Direitos Humanos e o fundamento da autoridade policial representado por sua capacidade de administrar conflitos.

Vários profissionais demonstram tal preocupação, externada através de pesquisas, nas quais os policiais condenam comportamentos abusivos e arbitrários de seus pares, temendo inclusive a repercussão social negativa de tais fatos e o estabelecimento de um estereótipo truculento. Celebrando um contraponto ambíguo, focalizam em grupos sociais definidos a responsabilidade pela prática de atos ilegais e crimes violentos, criando ainda nos dias atuais figuras de caráter eminentemente lombrosiano.

 A formação e o próprio estabelecimento dos objetivos da pesquisa, relacionada com a verificação da imagem do policial na mídia escrita, utiliza métodos de análise das representações policiais e percepções coletivas do tema, por meio de veículos de comunicação das quatro capitais brasileiras com os maiores índices de homicídio no período compreendido entre os anos de 1991 e 2002, sendo elas: São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Recife. O material pesquisado deriva de jornais de grande circulação destas capitais, dois de cada cidade, com o estabelecimento de grupos distintos definidos para estratos sociais dessemelhantes, estando um deles direcionado para as classes médias e altas (A e B), e o outro para as classes populares (C, D e E).

Os resultados obtidos traduzem um total de 2851 matérias vislumbradas entre os meses de outubro e novembro de 2004. Os aspectos analisados referem-se à abrangência das notícias, considerados os locais e as fontes de informação das matérias publicadas, a presença das corporações policiais nas matérias, a presença de outros personagens citados, as vozes atuantes ou as versões verificadas dos participantes das ocorrências (autor, testemunha, vítima, familiares, entre outros), a composição das matérias policiais, os objetivos das ações policiais, os dados sobre vítimas, suspeitos, acusados ou criminosos, ponderados fatalidade, sexo, faixa etária, categoria profissional e cor da pele, os temas apresentados nas matérias e, por fim, o teor da matéria em relação ao policial e às corporações.

É interessante observarmos as similaridades entre os meios de comunicação estabelecidos em um mesmo grupo. Os das classes médias e altas com uma visão mais analítica dos fatos, contextualizando-os no cenário da segurança pública em algumas oportunidades, e os das classes populares, com um prisma mais factual dos episódios, ressaltando de outra feita, os aspectos que incidem diretamente na vida dos seus leitores, como problemas relacionados a abusos e arbitrariedades dos agentes públicos responsáveis pela segurança.

A representatividade positiva das ações e práticas policiais publicadas é de pequena proporção, cabendo às parcas matérias citarem orientações policiais sobre segurança, ações cooperativas entre as polícias, investimentos na qualificação e capacitação dos recursos humanos, entre outras ações. Assim, verifica-se que assuntos considerados relevantes para os integrantes das instituições policiais, como reestruturação, equiparações, enfraquecimento do viés político, colaboração social no processo de controle criminal, dentre outros, não são demonstrados à coletividade, fazendo com que ocorra um distanciamento cada vez maior entre os atores primordiais do processo de segurança: a polícia, a mídia e a sociedade.

 

Verifica-se forte indicação de visão desfavorável da imagem dos agentes e das corporações policiais. Os homicídios cometidos por policiais, aspecto mais representado e de mais grave repercussão na mídia, alinham-se com a corrupção, e os maus-tratos físicos contra suspeitos e população em geral. Tais fatos geram um ponto de vista recorrente nos meios de comunicação ligado ao espectro do “policial acima da lei”, ou seja, verifica-se a disseminação da idéia de impunidade e perpetuação desta prática abusiva entre a população, apontada como vítima da situação. Assuntos como falta de policiamento e segurança e a violência em geral assumiram menor freqüência na pauta do período analisado, salientadas algumas citações de correlação entre estes e o problema de insuficiência de efetivo, além do despreparo dos policiais com questões de trato de diferenças raciais, sexuais e sociais. O aprofundamento destas questões, porém, relacionando-as com a problematização da premência de estabelecimentos de modificações estruturais e culturais, não foi observado.

A autora finaliza seu relatório com a constatação de equívocos dos lados envolvidos na pesquisa, com a construção de estereótipos recíprocos envolvendo os policiais e a mídia. Demonstra maneiras de reparação das imagens, como a promoção de seminários para jornalistas com a verificação de uma exploração mais objetiva da notícia, ou a promoção de seminários para policiais sobre o papel da mídia e sua importância no contexto social. Defende que a Secretaria Nacional de Segurança Pública deve mediar modificações de posturas e comportamentos, a fim de aperfeiçoar as relações entre mídia e polícia, fazendo com que todos possam crescer e fomentar o serviço de segurança pública, traduzindo isto em um aumento da qualidade de vida de todos.

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Possível mudança no ingresso para o curso de oficial da PMDF!

Durante dois dias ocorreu um seminário para discutir possíveis mudanças no ingresso para o CFO PM. Foi interessante o lobby para a exigência do curso superior em Direito para ingressso. Estiveram presentes oficiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e da PMGO, onde já existe essa exigência.

Particularmente sou contra unânimidades ou uma unica visão para uma formação. Segundo nosso estatuto os oficiais são os gestores da instituição (administradores) e exercerão função de comando, portanto, nada mais justo que terem um bom conhecimento na área de gestão. Talvez fosse mais interessante a exigência de qualquer curso e a transformação do CFO em um curso PÓS GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SEGURANÇA ou outro do gênero.

Precisamos de gestores, administradores, contadores….de todo conhecimento possível. Necessitamos de uma vasta diversidade de conhecimento para evoluirmos…

Maiores detalhes ver: www.pmdf.df.gov.br

Ingresso no CFO

4/11/2008 21:32:00

 

Daniela Dutra (texto) e Romeu Pires (fotos)
da Comunicação Social

A Academia de Polícia Militar do DF (APMB), responsável pela formação dos oficiais da corporação, realizou nos dias 03 e 04 de novembro um seminário para debater qual o curso se adequará à exigência de graduação também para o ingresso no oficialato. O evento ocorreu no auditório da Universidade Paulista (Unip) e contou com a presença de oficiais e profissionais de ensino da PMDF.

A discussão sobre o assunto começou com a exigência do 3ºgrau para ingresso no quadro de soldados da PMDF. Na APMB o ingresso é feito atualmente por meio de vestibular prestado na Universidade de Brasília e requer o ensino médio completo do candidato. “Essa fase passou. Não podemos perder o trem da história, nem temer as mudanças” disse o comandante da APMB, tenente coronel Suamy, durante o encerramento do encontro, hoje (04 de novembro) pela manhã.

O ingresso na corporação nos próximos concursos será exclusivamente para pessoas com formação superior. No caso de soldados o ingresso será, provavelmente, para graduados em qualquer área. O edital do concurso está em fase final de elaboração. Uma das alterações previstas é o limite de idade, que deverá ser de 30 anos. A exigência do curso superior para a PMDF não irá reduzir o número de militares nas ruas, fazendo com que graduados trabalhem apenas em suas áreas de formação, como por exemplo, formados na área de saúde atuando somente na Policlínica. O fato do 3º grau ter chegado para a PMDF diz respeito à postura do profissional que já passou pelos bancos acadêmicos, “ampliando sua visão de mundo, um aceno para a sociedade de que a polícia militar do futuro possuirá praças graduados em diversas áreas de conhecimento e oficiais bacharéis em Direito” discursou o tenente coronel Suamy.

Alguns oficiais expuseram suas opiniões, como o major Borges, do 4º batalhão. Para ele, seria interessante que até para o ingresso dos soldados algumas áreas fossem delimitadas para traçar o perfil do soldado. “Sociologia, antropologia, etc” disse. Já o major Néviton, da 14ª Companhia da PM, em Santa Maria, citou que a formação jurídica completa é importante para uma padronização. “As melhores carreiras têm o ingresso pela formação no curso de Direito” falou.

No encerramento do seminário realizado pela Academia, 89 oficiais votaram sobre qual curso deverá ser exigido para participar do Curso de Formação de Oficiais da PMDF. Do total de votos, 2,26% dos participantes acham que qualquer curso superior serve para o ingresso no CFO. Outros 24,71% desejam que cursos pertinentes ao serviço sejam exigidos, como Direito, Sociologia, Administração. Mas 73,03% optaram que apenas bacharéis em Direito possam fazer o concurso para o oficialato. Baseado nesse entendimento, o comandante da Academia vai elaborar um relatório a ser enviado para o comandante geral da PM, coronel Cerqueira. No documento, além da preferência pelo curso de Direito, outros pontos interessantes serão registrados, como alterações no quadro de professores e no ambiente escolar de formação dos novos policiais, estudo da idade limite para ingresso na PMDF e a encomenda de pesquisas para a adequação dos objetivos no início de cada curso.

É um novo momento para a PMDF. Segundo o coronel Gilberto, presente ao evento, houve perdas de oportunidades no passado pela falta de encontros como o seminário realizado pela Academia. “Ninguém perderá com as mudanças, tentamos reduzir as dúvidas para que no futuro tenhamos certeza de que estamos no caminho certo” disse.

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