Arquivo do mês: junho 2020

Minhas aventuras no 3º BPM – parte III

Outro grande amigo e companheiro de guarnição no 3° BPM era o SD Regilson Gomes da Silva, hoje Tenente Regilson. Com ele lembro de várias ocorrências. Algumas tensas, outras muito engraçadas! Tudo isso em meados do ano dois mil.

A mais marcante foi quando teve um Assalto no Banco do Brasil em Riachinho. Os caras vieram para Planaltina, na entrada da cidade viram uma viatura parada no posto de gasolina. Já deram um tiro. Lembro que pegou no Banco do comandante. Era um Subtenente. Por pouco não pegou na cabeça dele.

Os vagabundos empreenderam fuga para o Vale do Amanhecer. Chegaram a distribuir o dinheiro nas caixinhas do correio. Estavam fortemente armados.

Lembro que o Tenente Lucena estava no COPOM, o SGT Maguila entrou em contato e pediu para apoiarmos. Fomos para a área rural e depois pro vale do Amanhecer.

Foi marcante porque os bandidos estavam fortemente armados. Alguns foram presos. Um deles estava no Mato e disse que nos via o tempo todo, que pensou até em atirar, mas que não o víamos.

Terminamos o dia tomando café no meio da calçada e dando entrevista para o Silvio Linhares. Esse dia foi muito divertido. O Silvio era muito engraçado. Já era fã dele, só aumentou o carinho.

Outras duas ocorrências foram meio que esotéricas. A primeira fomos acionados para uma ocorrência em uma invasão atrás do antigo Caje. Chegando lá encontramos a equipe do SGT Dionísio. Tinha um homem “amarrado”, mãos para trás, olhar estranho, voz esquisita. Lembro que o sargento perguntou se estava tudo bem, a pessoa disse que não, pois a tinham “amarrado”, alguém explica que a pessoa estava “endemoniada”. O homem olha pro sargento e diz com aquela voz de tarde de descarrego na universal: “te conheço”. Ele: “da onde?”, e o homem cada vez mais assustador: “te conheço”. Pegamos o rádio informamos ao Copom que era caso de exorcismo e não de PM e fomos embora. 🤣

Na segunda ocorrência foi no Varjão. Lembro que teve uma briga entre dois homens. Um devia ao outro. O rapaz foi cobrar e quebrou o carro do devedor, o dono do carro pegou o facão e tacou na cabeça do rapaz. O bicho pegou. Com a cabeça sangrando o rapaz ficou louco. Saiu correndo só de cueca. Lembro que entrei na casa dele, a casa cercada, conversando com a mãe para reparar o dano e tentando convencê -lo a ir pro hospital. Lembro que quando estava saindo do lote com a mãe, ele pegou uma faca e veio correndo na minha direção, gritei perto do portão: “o sangue de Jesus tem poder”. Ele tropeçou e caiu com a faca, eu saí e fechamos a ocorrência. Em outro serviço voltamos lá e conversamos com esse rapaz. Ele disse não lembrar de nada.

Várias ocorrências e aventuras. Na granja do torto quando fomos de moto, prendemos vários tablets de maconha no meio do Mato. Operação no estacionamento do Conjunto Nacional, os apoios ao CB Jair Barbosa, os arrochos no gramado da torre, as visitas ao seu Alderi e os sanduíches de frango na madrugada, a prisão do cara com a chave falsa que eu quase ia liberando e o Regison safo percebeu que era uma micha. Tempos bons! Aprendi muito com ele.

Mas o mais importante era que antes de sair, líamos um versículo bíblico, de uma bíblia pequena que eu sempre levava e oravamos pedindo proteção a Deus. Ele nos guardou e tem nos guardado até hoje. 🙏🙏

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Minhas aventuras no 3º BPM parte II

No 3° BPM vivi duas fases: a primeira recém chegado do curso de formação, nessa fase passei pelo POG, escalante da 2° Cia e auxiliar do P1. Já a segunda fase foi após uma temporada no PROERD, retornei para trabalhar na P2. Tempo de grande aprendizado.

Comecei com o então Tenente Pastrolin (amigo querido, que tenho grande #gratidão), depois com o Tenente Maximiliano e com o Capitão Danilo Nunes.

A melhor época foi sob o comando do Coronel Luiz Alberto Teixeira. Cresci muito nessa época, pois ele falava sobre polícia técnica, nos apoiava. Lembro que ele ia pra seção e falávamos sobre livros que debatiam a temática segurança pública, me deu sua monografia, do Curso Superior de polícia, salvo engano, para eu ler. Nessa época ele juntou a P2 e o P3 para produzir conhecimento. Era o início do georeferenciamento na PM. Comecavamos a debater diferenças entre serviço velado e serviço de inteligência, lembro do primeiro artigo sobre o tema na PMDF.

Um fato com o coronel Alberto que me marcou foi o dia que ele de madrugada com o Aspirante Aquino foi para dentro do Varjao, de madrugada, patrulhar conosco. Entramos em vários buracos, fizemos incursões a pé, abordamos, percorremos cada rua da cidade nesse dia.

Outro dia marcante em minha vida no Varjao foi com o SD Euler e o SD Correia. Mataram uma moça no bar do boiadeiro. Fomos levantar algumas informações. Chegando na casa dos suspeitos ouvimos passos e tiros. Corremos para tentar achar algo, era Mato, muita lama, muito escuro, de repente algo se mexendo, Passos, eu e o Euler colados, de repente olho para o chão, bato a lanterna, um jovem morrendo na nossa frente. Vi os buracos de tiro na cabeça. Olhos perdendo a cor e ele tentando falar algo e foi, partiu. Cena forte! Nunca esqueci! Depois fomos dar a notícia a família. Saiu uma garota grávida, esposa dele. Não foi fácil dar a notícia! O rádio chamando em meio a confusão, a cidade agitada. Lembro que o Tenente Elias Costa (hoje Major) era o oficial de dia. Uma das noites mais agitadas na área.

Outra noite marcante foi com o SD Phelipe. Meu primeiro serviço com ele. De repente um chamado entre o setor hoteleiro e a rodoviária. Possível tentativa de suicídio. Fomos ao local e nada. Chamaram novamente. Descemos olhamos tudo em volta. De repente sinais: remédios, cigarros, na parte de cima, embaixo um sapato, pista molhada cheiro forte. Alguns minutos depois, em frente ao hotel ao lado do Mcdonald’s da torre, um corpo. Cena horrível, nunca saiu da minha mente. Havia sido arrastado por mais de um quilómetro. Impossível reconhecer.

Essa é a vida de um policial de rua. Lembranças ruins e boas povoam a nossa mente. Guardamos para nós o que muitos nunca viram nem em pesadelos. Quando a insônia vem algumas dessas lembranças nos acompanham. Eu tenho coragem de botar para fora, mas quantos não têm?

E quando ao invés de um desconhecido, é um companheiro de farda morto? Nunca me esqueci da ocorrência que fomos apoiar, chegando na ponte JK um corpo no chão. Uma pequena chuva caindo. O corpo usava farda. Tinha sido um acidente. Era um colega de turma, morava em Unaí, pegou uma carona e morreu no meio do caminho. Me vi ali no chão. Morreu um pouquinho de mim ali também.

#tbt #euaderi #vidadepm

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Minhas aventuras no 3º BPM na virada do milênio

Momentos de insônia são oportunidades para lembrar do passado. Agora são 02:38 da manhã e Davi não me deixa dormir, está incomodado com alguma coisa. Como ele dorme e acorda e Sophia não para de mexer na cama, resolvi escrever. Meu cérebro está a mil.

Voltei lá no início do ano dois mil. Parecia que eu estava de volta ao 3° BPM. Lembrei de vários amigos que lá fiz. Me vi na sala da 2° Cia, onde fui escaldante por um tempo, antes de um período no POG e uma passagem pela Vara da infância e da juventude.

Lembrei como se fosse hoje dos PO’s que tirei com a SD Vanusa Venancio Bento e com a SD Viviane. Como era divertido ficar no semáforo orientando as pessoas, sim, nós tornavamos o serviço em uma pequena quadra comercial do divertida.

Veio a minha mente os PO’s na 712 Norte, alguns deles com o SD Adriano R. Ferreira. Uma vez pegamos um professor fumando maconha e o Ferreira didaticamente pagou “aquele sapo” para ele.

Outra vez o serviço foi com o SD Adriano Rosa, amigo de pelotão. Eu era conhecido como “Adevibraldo”, porque vibrava muito, sempre usava colete e gostava de pegar o rádio (algo raro naquela época). Neste dia me convenceram a não usar o colete (uma das poucas vezes que não usei) e não levar o rádio. Passado algumas horas de PO, vi uma moto em frente ao restaurante Carne de Sol da 712 Norte, com dois indivíduos, entrando na contramão. Peguei o apito e sinalizei para que parassem. O cara de trás arrastou um 38, o Adriano me puxou, me abrigou, os caras vazaram na quadra e nós “correndo” atrás da moto.

Andando mais a frente, fomos acionados por populares, pois tinha tido um homicídio em frente às Ferragens Ximenes. Os mesmos indivíduos, haviam atirado e matado, poucos antes de nos encontrar, uma mulher. Depois ficamos sabendo que era Esposa de um coronel do exército e que acima do Detran, por trás do autódromo os indivíduos haviam sido presos. Haviam duas munições picotadas, sempre acreditei que uma delas era pra mim e que o Adriano Rosa me salvou.

Lembrei do CB Ivanildo Rocha, do SD Vinicius, do SD Gildesio, da Soldado Karina, ambos falecidos e que trabalhamos juntos. Ela já foi da minha segunda passagem por lá. Um pouco mais recente, entre 2006 e 2008.

Veio a minha mente o CB Iratonio Pereira, que recentemente foi para a reserva e deixo aqui minha homenagem.

Lembrei de uma história engraçada com o SGT Oscar Urias Luiz. Fui escalado para o Cerimonial. Ele me chama no rádio e pergunta: “Como recebe”, eu inocentemente respondo: “bem, por que sargento?” 🤣🤣🤣. Depois lembro do desespero para apoia-lo quando manifestantes cercaram a guarnição dele em frente à CAEsB, em manifestação.

Veio a minha mente os adjuntos, dentre eles o SGT Evaldo e o SGT Arlei Oliveira Do Nascimento. Como o então sargento Arlei era gente boa comigo e me inspirava pelo seu jeito educado e prestativo. Sempre pronto a tirar as dúvidas de um recruta curioso. Lembro que de tanto ser voluntário para coisa ruim, um dia ele me arrumou uma boca Boa na Vara da infância. Que não durou muito tempo, pois um menor tentou se matar justo em minhas mãos se jogando em um vidro na saída da sala da promotora. Nesse dia estava eu e o amigo SD Albernaz, que desespero. Meu braço todo sangrando e o povo preocupado somente com o menor infrator.

Minha aventura no PO acabou depois que o Adriano Ferreira foi pra viatura e eu fiquei sem parceiro. Ainda trabalhei alguns dias sozinho no PO da 712 (Era um horário especial de 11 às 17h para poder estudar e eu não queria perder) Até o dia que uns vagabundos me cercaram em um beco pra tentar tomar minha arma. Quase deu merda. Lembro que pedi prioridade, mandei os pebas, cheira cola deitar, e o apoio não me achava. No final deu tudo certo, mas para evitar problemas fui transferido para o expediente e virei escalante junto com o SD William. Aprendi muito com ele.

Com a mudança do comando da companhia fui designado pelo então CAP Alexandre José para trabalhar com ele no P1. Aí foi a época de maior aprendizado na minha vida. Nessa época tínhamos mais de 890 policiais no Batalhão. Quase tudo era manual. Na companhia controlava todo o efetivo (quase 200 homens) em um livro de campanha, tudo manual, somente a escala era feita no computador.

Já no P1 fazíamos escalas, mapa força, lembro que eu controlava todos os ofícios de audiência de policiais, uma infinidade, alem de fazer requerimentos, controle de ferias, e varias outras atividades. O que melhorou a nossa vida foi o SD Uziel Fernandes começou a fazer várias planilhas de Excel para nos ajudar.

Outra situação que me marcou muito foi o período que o presidente do Paraguay, General Lino Oviedo, ficou preso no quartel. Muitas das vezes ajudavamos nas visitas e pra acompanhar seu banho de sol.

Por último uma situação marcante foi a rebelião da papuda, na primeira vinda do Marcola pro DF. O SD Adauto Crispim me convenceu a me voluntariar. Descemos para a Papuda, a situacao evoluiu. Lembro que o Coronel Ellen era o Comandante do CP esteve lá conosco. Estava chovendo, pedimos um lanche em SÃO Sebastião, descemos de madrugada para fazer o cerco. Lembro que o Tenente Cathala era o comandante. Terminamos a missão e retornamos no meio do expediente do outro dia. O expediente era de 9 às 17h, mas no 3° BPM não terminava antes das 20h. Só podíamos sair depois do toque de ordem.

Quantas histórias! Quantas lembranças boas! Passaria a madrugada falando dos amigos da Guarda, do SD M. Costa, Gama, Arli Pereira, do CB Borracha, do nosso futebol, dos churrascos! Quanta gratidão por tudo isso!

#tbt #euaderi #vidadepm

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O que sonhei em 2009 e quem me segue em 2020

Hoje estava relendo meu “livro dos sonhos”. Uma das minhas metas lá em 2009 era me tornar uma “referência em segurança pública”, “um grande comunicador e um grande orador” e “um multiplicador da filosofia de polícia comunitária”.

Conversando com alguns amigos e amigas, eles sempre me lembram de minha evolução nas redes sociais e na vida. Uma delas, muito sincera, me disse que eu era um tanto quanto “barraqueiro” por aqui, outros já admiram minha forma democrática e educada de interagir.

Agora a tarde refletindo sobre o que planejei e o que tenho alcançado, parei no ponto “comunicação do Aderivaldo Cardoso“.

Sinceramente fiquei curioso para saber com quem eu falo e para quem eu falo atualmente. Confesso que pensei em policiais militares, amigos, familiares e seguidores em geral, mas o que mais me intrigou na análise é por que a maioria aqui me segue?

Neste ponto específico refleti sobre palavras que já me falaram e que já expressaram por aqui: admiração, inspiração, motivação, posicionamento político, curiosidade e confesso que não cheguei a um denominador comum.

Por último, tentando responder a tudo isso, tenho me perguntado: Como agregar valor a tudo isso e as pessoas que dedicam tempo em me acompanhar? O que esperam? Quais assuntos são interessantes para elas?

Confesso que estou refletindo e aprendendo. Saber aonde estávamos, o lugar em que nos encontramos neste exato momento e para o destino que almejamos é o primeiro passo para uma viagem segura ou no mínimo agradável. Sendo assim, apertem os cintos e vamos juntos.

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A Universidade Pública e o Preconceito racial no Brasil

Pra fechar o último vídeo do bate papo de ontem. Tenho grande orgulho de ter estudado minha vida inteira na rede pública de ensino. Primeiro na Escola Classe 416 Sul, depois na Escola Classe 214 Sul, na transição ficamos no Lestinho na 106 Sul e por último no Setor Leste. Após isso fui trabalhar e estudar para concurso Público.

Lembro que fiz concurso para o DMTU, TJDF e PMDF. Nesse período trabalhava em um posto de gasolina na Esplanada, comia rápido e estudava entre meia hora e quarenta e cinco minutos por dia. Ganhava 280 reais mensais e pagava 200 reais de aluguel.

Depois de praticamente uns seis meses estudando passei para PM. Mudou minha vida. Comprei um fusquinha 1976, mais velho do que eu, mas para mim era o melhor carro do mundo.

Fiz praticamente um ano de curso na PMDF iniciei um cursinho para o CFO. Não teve CFO naquele ano, então prestei vestibular para a UNB e passei.

Terminei o bacharelado em Arquivologia, entrei em um cursinho novamente para o CFO, acabei passando em direito na Católica, quase dois anos depois passei para uma especialização na UNB, larguei o direito e fui para a Sociologia.

Dois anos depois retorno para a Especialização novamente na UNB e ao tentar um mestrado e não passar resolvi fazer história, minha paixão de adolescente. Em 2017 passei no CFO e 2018 no CHOAEM. Durante meu curso na Academia consegui a proeza de levar o curso de história e o de Habilitação de Oficiais.

Como puderam ver, acredito na revolução por meio da educação. Um garoto, filho de porteiro, apaixonado por livros, que ouvia o pai dizendo que “abaixo de Deus somente os livros para transformar a nossa vida”, levou a sério as palavras do pai. Minha vida foi transformada por Deus, por meio do livros. E hoje estou aqui, escrevendo livro, dando entrevistas no rádio e na TV, contando histórias para vocês.

Tudo é possível aquele que crer. Deus é fiel e não nos abandona nunca. Eu acredito no poder da Educação. O vencedor é apenas um perdedor que não desistiu. Se olharem minha história tive mais derrotas do que vitórias, mas nunca desisti.

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