Pesquisando sobre o Uso da Força Policial deparei-me com o Manual de Procedimentos Operacionais Padrão – POP – Módulo I – Níveis do Uso da Força Policial/2013, da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul. O material é bem interessante, pois trata do Uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), do Uso de Algemas, do Uso de Gás de Pimenta, da Manutenção de Armamento e do Uso da Força Policial.
Segundo o manual:
O presente trabalho tem por finalidade, servir de fonte permanente de estudo e consulta a todos os integrantes da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, tanto do ponto de vista operacional, bem como acadêmico, lembrando-se da necessidade de estar incorporando, permanentemente, a este trabalho os avanços sociais e tecnológicos advindos do mundo contemporâneo. (Pág. 8)
Apesar do objetivo do presente artigo ser voltado para a utilização do Gás de pimenta, chamou-nos a atenção a parte que trata sobre os EPI, em especial o uso do coldre.

MANUAL DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO DA PMMS – MÓDULO I – PROCESSO 1.01 – MONTAGEM DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Página 15 de 94

MANUAL DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO DA PMMS – MÓDULO I – PROCESSO 1.01 – MONTAGEM DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Página 20 de 94
Interessante observar que segundo o Manual de Procedimentos Operacionais Padrão da PMMS – Módulo I a disposição “no cinto universal deverá obedecer a critérios de conforto e segurança, ou seja, estar bem posicionado facilitando o saque.” Um ponto importante a ser observado durante estudos sobre o tema na PMDF.
Sobre o uso do espargidor de gás de pimenta – OC o Manual segue os seguintes critérios:
- O primeiro passo para sua utilização é identificar a situação em que será necessário o uso do espargidor.
- Ele será usado para autodefesa, controle de pequenos distúrbios e saturação de ambientes.
- Outra situação em que poderá ser utilizado é para dominar o agressor, para isso deverá usar técnica de imobilização e utilizar a técnica de uso de algemas.
O ponto crucial para o uso de gás e que gerou debates acalorados em nosso último texto é chamado no POP de “Sequências de Ações”.
1 – O Manual destaca uma sequência de ações antes da utilização do gás.
“Após o esgotamento das tratativas verbais e antes do uso da força física, uso do bastão/tonfa e da arma de fogo caracterizam-se as situações em que se faz necessário, o uso do espargidor com gás de pimenta.” (MANUAL DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO DA PMMS – MÓDULO I -PROCESSO 1.03 – USO DO ESPARGIDOR DE GÁS PIMENTA – OC Página 45 de 94)
Observem que “após o esgotamento das tratativas verbais”, ou seja, a mediação de conflitos tem por base a verbalização/diálogo, ela é a base para o uso progressivo e para o uso seletivo da força. Costumo dizer que o progressivo é “inicial”, já o seletivo é o “especializado”. Primeiro aprende-se a “progredir” no uso da força, depois o condicionamento irá fazer com que selecione naturalmente e possa ir do primeiro nível ao último sem problemas, mas somente a “repetição levará a perfeição”. Isso exige treino. Por isso, ainda prefiro o termo uso “progressivo da força”.
O emprego do gás dever ser feito “preferencialmente em ambientes abertos ou arejados”, a favor do vento e que permitam rápida descontaminação após o uso.”
É necessário adotar uma distância mínima de 1m (um metro) do agressor ou resistente. O primeiro passo é sacar o espargidor do porta-espargidor preso ao cinto e retirar o grampo de segurança, se for o caso. Esse tempo é para o policial racionar se o seu uso será realmente necessário.
Outro ponto importante e pouco utilizado nas polícias de vários estados é que “após o domínio do agressor, descontaminá-lo, retirando-o do local impregnado pela substância e levando-o para um ambiente arejado.” Colocá-lo no cubículo da viatura sem antes descontaminá-lo, em ambiente fechado, pode dar reações e trazer problemas imensuráveis. Os sintomas podem ir da falta ar, convulsões, chegando a uma parada cardiorrespiratória e até mesmo a morte.
Os resultados esperados de seu uso são:
- Fazer cessar a agressão, diminuindo ao máximo a possibilidade de danos físicos no policial militar, no agressor, ou em terceiros.
- Que todo o uso do gás de pimenta seja formalmente relatado, citando seu uso em auto de resistência a prisão e relatório de controle de distúrbios civis.
AÇÕES CORRETIVAS

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Conforme o Manual de Procedimentos Operacionais Padrão da PMMS uma das possibilidades de erro no uso do gás é o POLICIAL NÃO ESGOTAR AS TRATATIVAS VERBAIS, FAZER USO DO GÁS DE PIMENTA APÓS TER ADOTADO FORÇA FÍSICA OU LETAL ou ANALISAR DE FORMA ERRÔNEA A SITUAÇÃO EM QUE DEVE USAR O ESPARGIDOR.
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ESCLARECIMENTOS
O uso do espargidor de gás pimenta deve ser utilizado única e exclusivamente para segurança, em caso de eminência de agressão física contra o policial, possibilitando então a prisão do agressor sem o uso da força física ou utilização de meios que venham causar lesões no agressor ou resistente.
O espargidor de gás pimenta deve ser considerado e tratado como arma de incapacitação temporária, devendo o policial manter o zelo e controle de seu uso, ficando responsável por este equipamento.
Em caso de excesso, providenciar os primeiros socorros, lavando as partes afetadas com água em abundância, sabão neutro, solução de bicarbonato de sódio a ou soro fisiológico.
A Polícia Militar deve criar mecanismo de controle e liberação do espargidor de gás pimenta através de cautela sendo no mínimo de um para cada guarnição de serviço.
O policial militar deve ser orientado a não adquirir o espargidor de gás pimenta (câmbio negro) ou sem autorização.
Fica inerente ao policial militar toda a responsabilidade do uso indevido, respondendo administrativamente e criminalmente se for o caso.
Não ser utilizado em pessoas com problemas cardíacos, respiratórios ou que usam lentes de contato.
Seguir a especificação técnica do produto e forma correta de utilização, conforme orientação do fabricante em sua embalagem e rótulos.
MANUAL DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO DA PMMS – MÓDULO I
Aderivaldo Cardoso – Autor do Livro Policiamento Inteligente: Uma análise dos Postos Comunitários do DF.