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A lenda do monge e do escorpião!

Durante meu curso de formação eu aprendia muito com algumas histórias contadas pelo então Capitão Gilson, hoje Tenente Coronel Gilson. Algumas histórias simples podem falar muito ao nosso coração e consequentemente a nossa alma. Sempre digo, que a pessoa que toca o coração, toca a alma. Nosso crescimento nesse mundo depende do equilíbrio entre o corpo, alma e espírito.
Uma vez por semana eu vou tentar postar algumas dessas histórias, para que possamos abrir nossa mente e refletir sobre a vida!

Monge e discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente no rio. Foi então a margem tomou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou. Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.
– Mestre, deve estar doendo muito! Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão!
O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:
– Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a minha.

Quando você está na rua, qual é sua natureza?

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Ah, se eu soubesse…

Ontem a noite li o livro Ah, se eu soubesse…, de Richard Edler. O livro em sua apresentação diz que “a experiência é, sem dúvida, a melhor fonte de ensinamentos para uma pessoa, seja na sua vida profissional ou particular. “Encher” essa fonte com habilidade, no entanto, demanda tempo, às vezes muito tempo; e o processo de aprendizado se constrói mediante muito sofrimento. Mas, por isso mesmo, são essas dificuldades somadas à ansiedade natural do homem de assimilar novos conhecimentos que se tornam tão atraente saber as lições resultantes das experiências de outros, sejam elas bem ou malsucedidas, porque significam sempre subsídios para o crescimento. E é neste ponto que se concentra o objetivo deste livro, que foi desenvolvido a partir de uma pergunta base: “O que você sabe agora, mas gostaria de ter sabido 25 anos atrás?”

O que você gostaria que alguém tivesse lhe contado 25 anos atrás?

1 – Busque seus sonhos.
Transforme-se na verdadeira pessoa que existe dentro de você. Escute aquela “vozinha” que vem de dentro, que é a pessoa que você era quando adolescente. Aquele é o verdadeiro você. Não faça necessariamente o que os outros acham que você deveria fazer. Faça o que você ama com toda a intensidade, e tudo mais, quase sempre incluindo o dinheiro, que virá como decorrência.
Para buscar os seus sonhos, simplesmente transforme-se em metas, o que Marjore Blanchard chama de “sonhos com deadlines”. Escreva as suas metas num papel e não as mostre para ninguém. Esta é a única maneira de você ser totalmente honesto com você mesmo. Mantenha-as com você e leia-as de vez em quando. Você vai descobrir que tudo no mundo fica mais fácil para quem sabe onde está indo.

2 – Abrace sua família.
A sua família é mais importante do que você imagina, e terá se ido antes do que você espera. Eu tenho três fotos na minha mesa. Uma de mim com meus pais, e as outras duas, com minha esposa e meus filhos, durante as férias. No escritório, eu não tenho nenhuma foto em que eu esteja trabalhando até tarde, fazendo uma negociação, ou indo para um jantar black-tie. Eu não tenho uma foto minha fazendo um depósito no banco, voando de primeira classe para Tóquio, ou obtendo uma margem de retorno de 28 por cento para minha empresa. Apenas família.
Geralmente, uma criança parte para a faculdade ou para sua carreira aos dezoito anos. O que são dezessete anos numa expectativa de vida de 85? Você só terá filhos em casa em 20 por cento da sua vida.
Quando as minhas crianças estavam crescendo, a minha esposa nunca perdeu um jogo de futebol delas, uma competição de natação, um jogo de vôlei. Eu não estou dizendo que ela esteve presente na maioria das situações – ela esteve presente em todas, enquanto ainda mantinha sua carreira de corretora imobiliária. Eu estava fora, resolvendo “assuntos importantes” no escritório, enquanto ela dava suporte integral para os meninos. Eu a amo por isto.

3 – Encontre uma fé que funcione para você.
Fé é, para a maioria de nós, uma coisa muito pessoal. Você pode não precisar da sua fé hoje ou no próximo ano. Podem se passar vinte anos. Mas o tempo vai chegar. Encontre um meio de equilibrar o lado espiritual com as outras áreas dos negócios, vida pessoal e familiar. A fé não pode ser provada. Apenas confie na sua intuição. Alfred Lord Tennyson disse: “Em decorrência do que eu tenho visto, eu acredito no que não posso ver”.
Para encerrar, meu desejo é que você aproveite cada momento e não se sinta egoísta por isto. Nas palavras de Nadine Stair, “tomando mais sorvete…me divertir mais nos carrosséis…pegar mais margaridas”. Curta o pôr-do-sol de hoje. Você o viu? Estime o companheirismo dos seus verdadeiros amigos. Quando foi a última vez que ligou para eles? Reserve um tempo para admirar as árvores de que você gostava tanto e nas quais vivia subindo quando criança. Fique em paz consigo mesmo, com quem você é.

Finalmente, relaxe e curta o seu caminho. Ontem é passado. Amanhã ainda não chegou. Mas hoje é absolutamente glorioso. E é seu para aproveitar.
Tenha maravilhosos próximos 25 anos.
Richard Edler

Visão, determinação e trabalho pesado não são sempre o suficiente. Insucessos algumas vezes significam simplesmente que os outros não compartilham dos seus sonhos.
Comprometa-se com um trabalho que contribua para o bem-estar social. Comprometa-se também, com a mesma energia, para a sociedade que está mais perto de sua casa, a sua família.
A educação/formação é um objetivo a ser perseguido a vida inteira. O sucesso requer constante aquisição de conhecimentos e habilidades para se competir num mundo de mudanças aceleradas.
Charles E. Yong – Diretor, UCLA

Eu gostaria que alguém tivesse me contado que o casamento não é uma relação 50/50. Não seja um anotador de placar.
Eu estou casada há 35 felizes anos, e em todo esse tempo é difícil me lembrar de quando meu marido e eu contribuímos com 50 por cento. As necessidades não são constantes. Em alguns anos você se vê dando 90 por cento ou mesmo 100 por cento para o relacionamento; mas reconheça que, com certeza, haverá um período no qual você terá mais para receber do que dar. E aí o seu companheiro estará lá por você.
O casamento é amor, compartilhamento e convivência a dois. Dê todo seu amor. Não se preocupe com “o que ele tem para te dar”, ou com “o que ele me deve”. Não fique contabilizando. Você nunca irá se arrepender.
Debbie Conlon – Fundadora, Interiors By design

Ria de si mesmo e aprecie a sua empresa. Crie a sua própria vida. Não deixe que os outros a determinem. O que quer faça, faça pelas suas razões – porque se encaixa nos seus planos e lhe dá prazer. Afaste-se de pessoas e coisas que o levam para baixo.
Lembre-se: você é o motorista. Fique no acento do motorista porque assim você pode parar, voltar, acelerar, ou virar. Mantenha a sua independência de pensamentos. Curta a sua imaginação e sonhos. Perdoe-se. Reserve um tempo para as pessoas, especialmente para aquelas que você ama. Goste de aprender e seja partidário da mudança. A vida é um presente surpreendente e maravilhoso. Admire o passeio.
Steve Robbins – Presidente, Robbins Bros., The Engagement Ring Store

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I have a dream – Martin Luther King

Eu tenho um sonho…
A fé deve ser fundada na razão e não na emoção!
Não é uma esperança vazia, mas sim o resultado de nossa perseverança!
A prova disso é o resultado da luta desse homem!

EU TENHO UM SONHO
Discurso de Martin Luther King (28/08/1963)
“Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.
Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.

De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com “fundos insuficientes”.

Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.

Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.
Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.

Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre.

Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, “Quando vocês estarão satisfeitos?”

Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.

Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.

Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença – nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.

“Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.

Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,

De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!”

E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.

Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.

Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.

Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.

Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.

Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.

Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.

Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

“Livre afinal, livre afinal.

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal.”

Fonte: http://www.portalafro.com.br/religioes/evangelicos/discursoking.htm

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Solidão é fundamental!

Durante um ano tenho aprendido a lidar com a dor da perda e o sofrimento . Um filho, um amor, um sonho. O grande sábio, Salomão, em seus textos disse: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onda há banquete, pois naquela casa se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.”
Somos resultados de nossos relacionamentos, de nossas experiências passadas. Com a memória olhamos para o passado, mas com a imaginação vemos o futuro. Sempre penso nisso!
É estranho falarmos eloqüentemente sobre o mundo em que estamos, mas e o mundo que somos? Quem sou eu? Quem é você quando está só? Quais são suas dores, suas mágoas, seus sonhos, suas frustrações?
Não sabemos falar de nossas fragilidades, nossas inseguranças, nossas experiências fundamentais. Falamos muito do mundo em que estamos, esquecemos do mundo que somos, às vezes, fugimos de nossa realidade. Trabalhamos e convivemos com multidões, mas vivemos isolados em nós mesmos.
Uma visita a um lar abalado pela tragédia nos relembra a brevidade da vida e a necessidade de um viver sábio. Tal visita é melhor do que a visita a um lugar de festividade impetuosa. Tive a oportunidade de visitar a família de um colega de turma, morto em um acidente, recentemente, não tive palavras para expressar minha dor. Observei atentamente as sábias palavras do SGT MARCOS GARCIA da capelania, e descobri nossa fragilidade. A tristeza pode ter um efeito benéfico, moderando a alegria com a seriedade.
Tenho buscado refletir em meio aos meus conflitos existenciais e aprendido a me despir do orgulho e da vaidade. Aprendido com minhas limitações, erros e acertos. Buscado um amadurecimento e um respeito à vida e ao próximo, afinal, tudo aquilo que não respeitamos, nós perdemos! Nesse sentido deixo o texto abaixo para uma reflexão!

Solidão é fundamental
Por Hilda Lucas

Que me desculpem os desesperados, mas solidão é fundamental para viver. Sem ela não me ouço, não ouso, não me fortaleço. Sem ela me diluo, me disperso, me espelho nos outros, me esqueço. Sem ela os silêncios são estéreis e as noites sôfregas, povoadas de assombramentos e desejos insaciáveis. Sem ela não percebo as saídas, os milagres, os espinhos. Não penso solto, não mato dragões, não acalanto a criança apavorada em mim, não aquieto meus pavores, meu medo de ser só. Sem ela sairei por aí, com olhos inquietos, caçando afeto, aceitando migalhas, confundindo estar cercada por pessoas com ter amigos. Sem ela me manterei aturdida, ocupada, agendada só para driblar o tempo e não ter que me fazer companhia. Sem ela trairei meus desejos, rirei sem achar graça, endossarei idéias tolas só para não ter que me recolher e ouvir meus lamentos, meus sonhos adiados, meus dentes rangendo. Sem ela, e não por causa dela, trocarei beijos tristes e acordarei vazia em leitos áridos. Sem ela sairei de casa todos os dias e me afastarei de mim, me desconhecerei, me perderei. Solidão é o lugar onde encontro a mim mesma, de onde observo um jardim secreto e por onde acesso o templo em mim. Medo? Sim. Até entender que o monstro mora lá fora e o herói mora aqui dentro. Encarar a solidão é coisa do herói em nós, transformá-la em quietude é coisa do sábio que podemos ser. Num mundo superlotado, onde tudo é efêmero, voraz e veloz, a solidão pode ser oásis e não deserto. Num mundo tão volúvel, desencantado e ansioso a solidão pode ser alimento e não fome. Num mundo tão barulhento, egoísta, atribulado, a solidão pode ser trégua e não luta. Num mundo tão estressado, imediatista, insatisfeito, a solidão pode ser resgate e não desacerto. Num mundo tão leviano, vulgar, que julga pelas aparências e endeusa espertalhões, turbinados, boçais, a solidão pode ser proteção e não contágio. Num mundo obcecado por juventude, sucesso, consumo, a solidão pode ser liberdade e não fracasso. Tempo e solidão são hoje os bens mais preciosos, o verdadeiro luxo. Marque encontros com você mesmo. Experimente. Dê-se um tempo. Surpreenda-se. Solidão é exercício, visitação. É pausa, contemplação, observação. É inspiração, conhecimento. É pouso e também vôo. É quando a gente inventa um tempo e um lugar para cuidar da alma, da memória, dos sonhos; quando a gente se retira da multidão e se faz companhia. Quando a gente se livra da engrenagem e troca o medo de ser só pela coragem de estar só. Não falo de isolamento, nem ruptura ou apartamento. Adoro gente, mas mesmo assim, e talvez até por isso, precise de solidão. Preciso estar em mim para estar com outros. Ninguém quer ser solitário, solto, desgarrado. Desde que o homem é homem, ou ainda macaco, buscamos não ficar sozinhos. Agrupamo-nos, protegemo-nos, evoluímos porque éramos um bando, uma comunidade. Somos sociáveis, gregários. Queremos família, amigos, amores. Queremos laços, trocas, contato. Queremos encontros, comunhão, companhia. Queremos abraços, toques, afeto. É a nossa vocação. Mas, ainda assim, revendo o poeta, ouso dizer: é preciso aprender a estar só para se gostar e ser feliz. O desafio é poder recolher-se para sair expandido. É fazer luz na alma para conhecer os seus contornos, clarear o caminho e esquecer o medo da própria sombra. Existem pensamentos, orações, sorrisos, encontros e realizações que só acontecem quando estamos a sós. Existem curas, revelações, idéias, lembranças que só podem vir à tona quando estamos sós. Mesmo os momentos compartilhados só serão inesquecíveis se uma parte nossa estiver inteiramente só para apreender tudo que apenas a nós se revelará e tocará. Existe uma pessoa que só conhecemos se conseguimos ficar sós: nós mesmos! Seja amigo da solidão. Aceite seus convites, passeie com ela, desmistifique-a. Não corra dela, não tenha medo. Desassombre-se. Ouse a solidão e fique em ótima companhia.

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