Este ano mal começou e o Distrito Federal já registou três latrocínios (roubos seguidos de morte): um no Gama, um em Brazlândia e outro no Itapoã. O que chama a atenção é que, na primeira semana de 2017, já foi quase alcançado o número registrado em todo janeiro de 2016, quando houve quatro ocorrências.
O ano passado, aliás, teve uma alta de 30,4% em relação a esse tipo e crime na comparação com 2015, levando-se em consideração os latrocínios consumados e as tentativas, que poderiam ter acabado em mortes. Em 2015, foram 187 tentativas e 46 óbitos. Em 2016, os registros passaram, respectivamente, para 262 e 42 consumados. É como se a cada oito dias uma pessoa tivesse morrido na capital federal vítima de latrocínio.
O Metrópoles obteve, com exclusividade, uma análise criminal feita pelas forças de segurança locais, que mapearam todos os casos registrados nos últimos dois anos. O levantamento identifica o dia da semana, a faixa horária e os locais onde os roubos seguidos de morte ocorreram com maior frequência.
No ranking das cidades que mais registraram esse tipo de ocorrência, Ceilândia está em primeiro lugar, com 50 casos, somando 2 latrocínios e 48 tentativas. Na sequência, vêm Samambaia (7 e 28); Taguatinga (3 e 21); Gama (2 e 21) e Paranoá ( 2 e 19).
Entre as cidades que menos registraram casos dessa natureza criminal, aparecem três com apenas uma tentativa de latrocínio em cada localidade ao longo de 2016: Park Way, Fercal e Riacho Fundo II. As regiões de Águas Claras e Vicente Pires registraram duas tentativas de latrocínio e nenhum consumado. Já no Plano Piloto, foram 13 tentativas e nenhuma morte, segundo o balanço.
Cuidado com as quintas-feiras e as madrugadas
Segundo o relatório, a quinta-feira é o dia da semana em que os latrocínios foram cometidos com maior frequência em 2016. Ao todo, sete pessoas perderam a vida e outras 49 ficaram feridas nesses dias. No panorama geral, o horário mais perigoso é entre a 0h e as 5h59, quando 18 das 42 vítimas morreram.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social para pedir dados oficiais detalhados sobre latrocínios. A pasta se recusou a divulgar as informações e alegou que “a divulgação das manchas criminais pode gerar consequências para além da área de segurança pública, como, por exemplo, a discriminação dos moradores dessas áreas e a desvalorização imobiliária, entre outros problemas”.
Casos de repercussão
A estratégia da secretaria de manter informações sigilosas sob o pretexto de evitar “consequências para além da área de segurança pública” parece não surtir efeito sobre a população. Até mesmo porque, diariamente são noticiados casos de violência. Como alguns dos latrocínios cometidos no ano passado que tiveram grande repercussão.
Na manhã de 12 de dezembro, por exemplo, um policial militar da reserva remunerada foi atingido por quatro tiros durante um assalto. O subtenente Abraão Holanda Cavalcante acabou morrendo 10 dias depois do crime, durante uma cirurgia para retirar uma bala do fêmur.
Outro episódio de grande comoção foi a morte do servidor do Senado Eli Roberto Chagas, 51 anos, na porta da escola enquanto aguardava os filhos, no Guará II. O caso ocorreu em fevereiro e os bandidos envolvidos foram presos após semanas de investigação.
O servidor do Senado Eli Chagas foi morto no estacionamento de uma escola no Guará 2