Minhas aventuras no 3º BPM parte II

No 3° BPM vivi duas fases: a primeira recém chegado do curso de formação, nessa fase passei pelo POG, escalante da 2° Cia e auxiliar do P1. Já a segunda fase foi após uma temporada no PROERD, retornei para trabalhar na P2. Tempo de grande aprendizado.

Comecei com o então Tenente Pastrolin (amigo querido, que tenho grande #gratidão), depois com o Tenente Maximiliano e com o Capitão Danilo Nunes.

A melhor época foi sob o comando do Coronel Luiz Alberto Teixeira. Cresci muito nessa época, pois ele falava sobre polícia técnica, nos apoiava. Lembro que ele ia pra seção e falávamos sobre livros que debatiam a temática segurança pública, me deu sua monografia, do Curso Superior de polícia, salvo engano, para eu ler. Nessa época ele juntou a P2 e o P3 para produzir conhecimento. Era o início do georeferenciamento na PM. Comecavamos a debater diferenças entre serviço velado e serviço de inteligência, lembro do primeiro artigo sobre o tema na PMDF.

Um fato com o coronel Alberto que me marcou foi o dia que ele de madrugada com o Aspirante Aquino foi para dentro do Varjao, de madrugada, patrulhar conosco. Entramos em vários buracos, fizemos incursões a pé, abordamos, percorremos cada rua da cidade nesse dia.

Outro dia marcante em minha vida no Varjao foi com o SD Euler e o SD Correia. Mataram uma moça no bar do boiadeiro. Fomos levantar algumas informações. Chegando na casa dos suspeitos ouvimos passos e tiros. Corremos para tentar achar algo, era Mato, muita lama, muito escuro, de repente algo se mexendo, Passos, eu e o Euler colados, de repente olho para o chão, bato a lanterna, um jovem morrendo na nossa frente. Vi os buracos de tiro na cabeça. Olhos perdendo a cor e ele tentando falar algo e foi, partiu. Cena forte! Nunca esqueci! Depois fomos dar a notícia a família. Saiu uma garota grávida, esposa dele. Não foi fácil dar a notícia! O rádio chamando em meio a confusão, a cidade agitada. Lembro que o Tenente Elias Costa (hoje Major) era o oficial de dia. Uma das noites mais agitadas na área.

Outra noite marcante foi com o SD Phelipe. Meu primeiro serviço com ele. De repente um chamado entre o setor hoteleiro e a rodoviária. Possível tentativa de suicídio. Fomos ao local e nada. Chamaram novamente. Descemos olhamos tudo em volta. De repente sinais: remédios, cigarros, na parte de cima, embaixo um sapato, pista molhada cheiro forte. Alguns minutos depois, em frente ao hotel ao lado do Mcdonald’s da torre, um corpo. Cena horrível, nunca saiu da minha mente. Havia sido arrastado por mais de um quilómetro. Impossível reconhecer.

Essa é a vida de um policial de rua. Lembranças ruins e boas povoam a nossa mente. Guardamos para nós o que muitos nunca viram nem em pesadelos. Quando a insônia vem algumas dessas lembranças nos acompanham. Eu tenho coragem de botar para fora, mas quantos não têm?

E quando ao invés de um desconhecido, é um companheiro de farda morto? Nunca me esqueci da ocorrência que fomos apoiar, chegando na ponte JK um corpo no chão. Uma pequena chuva caindo. O corpo usava farda. Tinha sido um acidente. Era um colega de turma, morava em Unaí, pegou uma carona e morreu no meio do caminho. Me vi ali no chão. Morreu um pouquinho de mim ali também.

#tbt #euaderi #vidadepm

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