Arquivo do dia: março 10, 2016

É preciso “quebrar ovos” para se mexer em estruturas conversadoras e ultrapassadas.

No “Pacto pela Vida” no DF existe um “colegiado”, chamado de “Comitê Gestor do Pacto Pela Vida”. Ele é presidido pelo governador do DF e coordenado pela Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social. A ideia é interessante, pois existem esferas anteriores que “filtram” os problemas deixando apenas os não “solúveis” para que seja resolvido pelo colegiado, por ordem do governador.

Após a apresentação dos índices de criminalidade, onde foi verificado o aumento de alguns crimes, estiveram reunidos os integrantes do colegiado. Nele ficou definido que combater os roubos a residências, ao comércio e a pedestres — que tiveram aumento no acumulado do ano em relação a 2015 — deverá ser prioridade. “Precisamos atuar nessas três frentes, esse é o desafio que está colocado para a segurança pública”, desta o governador. A ordem é focar em áreas mapeadas de acordo com os índices criminais e a sensação de insegurança da população. Se formos ter como referência o último “indicador” faltará policiais para proteger os locais onde a população se sente insegura, o medo está presente de norte a sul, de leste a oeste.

O mapeamento dessas áreas foi delineado com informações obtidas por meio da Pesquisa Distrital de Segurança, iniciada no ano passado e que faz parte das ações do Pacto pela Vida. Ao registrar os dados coletados em cada região, os pesquisadores usaram a técnica de georreferenciamento para associar as informações ao local das ocorrências.

A iniciativa é louvável, e se implementada poderá trazer grandes resultados. O problema é a “ordem” do governador ser cumprida e os crimes reduzirem. São vários os fatores externos que contribuem para o aumento da criminalidade. No ano passado ordens semelhantes já foram dadas para reduzir os roubos em transporte coletivo, já publicamos aqui no Blog Policiamento Inteligente diversos artigos sobre o tema, mas os resultados foram muito pequenos. Os problemas de segurança pública no DF vão muito além dos “problemas sociais” e da “sazonalidade” dos crimes. É preciso coragem para mudar certas estruturas, é preciso coragem para reestruturar o sistema de segurança pública no Brasil e no DF, é preciso “quebrar ovos” para se fazer uma boa omelete, assim como é preciso “quebrar ovos” para se mexer em estruturas conversadoras e ultrapassadas.

pacto pela vida

Aderivaldo Cardoso –  Especialista em Segurança Pública e Cidadania, Autor do Livro Policiamento Inteligente – Uma análise dos Postos Comunitários no DF, ex-Assessor Especial de Gabinete da Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social.

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Capotamento de viatura agora a pouco no Recanto das Emas. E o Seguro?

Mais uma viatura Pajero capotou no Recanto da Emas, agora a pouco. Alguns colegas ficaram feridos e foram atendidos no local. Qual será o problema destas viaturas? Não é normal tanto capotamento.

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Que Deus abençoe os companheiros do GTOP 47. A sociedade precisa saber o quanto corremos riscos. Ser policial é correr riscos de várias formas. Precisamos do seguro de viaturas, uma das promessas do Governador, e de viaturas mais seguras apropriadas para nosso serviço. 

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Opinião: A ilusão da disputa – Por RÔMULO NEVES

Ontem agradeci o ex-chefe de gabinete do Governador Rodrigo Rollemberg, pelo apoio dado a mim durante meu período na Secretaria de Segurança, hoje gostaria de apresentá-los, um artigo publicado na Folha de São Paulo escrito por ele, Rômulo Neves, intitulado:  “A ilusão da disputa”, uma excelente análise do cenário nacional atual:

O Brasil corre sério risco de testemunhar embates violentos nas manifestações de rua marcadas para o próximo domingo (13). A oitiva de Lula na Lava Jato fortaleceu a polarização dos grupos pró e contra o governo Dilma Rousseff.

Os ânimos estão exaltados, inclusive como estratégia política de ambos os lados. A quem interessa, no entanto, o recrudescimento do ambiente? Certamente não ao conjunto da população, pois os modelos de gestão de poder em disputa são idênticos. Trata-se de um embate tradicional, ancorado em esquemas táticos de marqueteiros e políticos.

Além de possíveis casos de enfrentamento físico, o momento é propício para o recrudescimento de movimentos independentes e, por isso mesmo, imprevisíveis. Em Brasília, por exemplo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e a FNL (Frente Nacional de Luta) invadiram na última terça (8) alguns órgãos públicos.

Prometem ir às ruas contra o governo, mas também devem hostilizar os apoiadores do impeachment da presidente. É grande a chance de a situação sair do controle, o que deve se repetir em outras cidades.

Seja qual for o resultado de domingo, nada indica que será iniciado um debate sobre as formas de relação entre os governantes e a população. Não há ninguém nas cúpulas, seja do PT, seja do PSDB, interessado nessas questões neste momento. A falência do modelo baseado em “propaganda e algumas obras para mostrar na propaganda” é o pano de fundo da crise, mas está fora do radar dos políticos.

As lideranças compreendem que o Estado não é capaz de seguir funcionando à base do clientelismo e de peças de marketing disfarçadas de políticas estruturantes, mas não sabem o que oferecer como opção.

Tivemos pontos positivos nas gestões FHC e Lula, 16 anos de relativa evolução política. Nesse período, entretanto, perdemos a chance de aprovar as reformas essenciais para o desenvolvimento do país (previdenciária, trabalhista, tributária, política).

Sem as reformas estruturais, garantir o acesso das classes C e D a bens de consumo é apenas enxugar gelo. É possível retirar essas pessoas da miséria econômica com uma bolsa qualquer do governo, mas é impossível tirá-las da miséria política sem oferecer informação, educação e demais serviços básicos de qualidade.

Somente uma solução que aponte caminhos concretos para a universalização das oportunidades e dos serviços públicos devolveria a necessária confiança ao governo, a qualquer governo. Seria preciso rever as prioridades e assumi-las não como ações de propaganda, mas sim ações de Estado.

Para isso, é necessário tocar nos interesses de grupos privilegiados na distribuição dos recursos nacionais –políticos, empresas subsidiadas, bancos, empreiteiras e sindicatos, especialmente os de funcionários públicos. Quem arriscaria seu mandato para mexer nesse vespeiro? Ninguém.

Seguiremos, seja qual for o resultado das manifestações de domingo, em um modelo político no qual o marqueteiro é mais importante que o ministro da Educação.

Os eleitores participarão das passeatas convencidos de que defendem uma causa. Ledo engano. Cada grupo estará defendendo apenas a parte da propaganda em que acredita. As lideranças do PSDB são tão antiquadas e preocupadas com seus projetos de poder quanto as do PT.

Resta-nos apontar a irracionalidade da disputa e torcer para que não tenhamos de aprender na marra, com novas crises institucionais, que o atual modelo está falido.

Não existe herói nacional –seja o ex-presidente Lula ou o juiz federal Sergio Moro. Participar da política é muito mais do que votar numa peça de propaganda, ir às ruas gritar palavras de ordem ou, ainda, hostilizar alguém que apenas foi enganado por outro marqueteiro, que não o de seu partido.

RÔMULO NEVES, 38, é diplomata. Foi Chefe do Gabinete do governo do Distrito Federal (2015-2016). Filiou-se ao partido Rede Sustentabilidade em janeiro

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