Arquivo do dia: novembro 14, 2014

A violência empobrece o Brasil

Excelente o editorial do Jornal Correio Braziliense do dia  14/11/2014: “Violência empobrece o Brasil”. A visão do correio relata que o Brasil vive um dos mais preocupantes patamares da violência. Que atualmente vivemos uma verdadeira “banalização da vida”, ou da própria violência. No Brasil temos um homicídio a cada 10 minutos. Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança, em 2013 houve um registro de 53.646 mortes violentas no país.

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Outro ponto importante citado no editoral é que na campanha eleitoral, os candidatos foram unânimes na urgência de melhorar a segurança pública. Mas em sua maioria tudo falácia, mais do mesmo. O salto qualitativo não nasce da sorte, nem do improvido, nem de ensaio e erro. É fruto de planejamento, investimento e participação de especialistas atentos às práticas que se revelaram aptas a reduzir a violência em diferentes lugares, seja do país, seja do mundo. Precisamos pensar segurança pública. Precisamos reduzir os espaços de atuação dos criminosos. Precisamos “fazer” segurança pública diariamente.

O Brasil investe mais em segurança pública que a maioria dos países que se preocupam com o tema, mas se mostra pouco eficiente. A falta de planejamento, de prioridades e a corrupção são grandes problemas na pasta. Falta sintonia nas ações de “combate” ao crime. Ainda somos ultrapassados. Os tempos modernos exigem medidas compatíveis com o século XXI. Como disse o editor: “cooperação é a palavra de ordem”. Precisamos de um pacto pela vida. Precisamo de um pacto pelo Brasil. Os três níveis da Federação devem trabalhar juntos pela melhoria da segurança pública. União, Estados e Municípios. É preciso falar em municipalização da segurança pública. É preciso somar esforços. As polícias precisam parar de brigar e competir entre si, precisam abandonar a competição e passar a trabalhar pela população. Precisam abandonar a competição mútua e trabalhar integradamente, mas por outro lado a Justiça Criminal tem de ganhar agilidade, se não acabar, pelo menos diminuir a sensação de impunidade. Mais de 90% dos autores de homicídios não são punidos.

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As polícias militares precisam ser de fato preventivas e as polícias civis precisam ser “repressivas”. Após o crime ocorrido os “marginais” precisam ser identificados e presos. A prevenção é mandamento que impõe imediata adesão. É preciso falar em ocupação de espaços públicos visando a redução da criminalidade. Agir depois do crime apenas só agrava o quadro. Afeta todo o sistema, inclusive a saúde pública. Quantas vítimas  de tiro ou de perfurações produzidas por “facas” foram parar nos hospitais públicos sobrecarregando o sistema? Quantos usuários de drogas também?

As prisões no Brasil abrigam uma população carcerária enorme. É a quarta do país e ainda possui em déficit de vagas de mais de 200 mil. É um custo altíssimo para a sociedade. Por que os presos não trabalham nas prisões para custear sua estadia e para pagar indenizações diversas as famílias das vítimas? Passou da hora de agir. Os eleitos precisam transformar palavras em ato. Vamos firmar um pacto pela vida. Um pacto pelo Brasil. Um pacto pela reforma policial no Brasil. Um pacto pela melhoria da segurança pública. Precisamos torná-la eficiente, eficaz e efetiva.

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Aderivaldo Cardoso é Especialista em Segurança Pública e Cidadania, formado pelo Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UNB).

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Arquivado em reestruturação das polícias

Falta de recursos do GDF podem impedir pagamentos e reajustes futuros a servidores públicos

Algo preocupante na manchete do Jornal Correio Braziliense de hoje: “Equipe de transição de Rodrigo Rollemberg vê risco de utilizar orçamento de 2015 para assegurar pagamento do salário de professores em janeiro. TCDF emite alerta.” Outro ponto que preocupa a todos nós servidores públicos é: “Se o GDF atingir o limite prudencial (46,55%), fica impedido de conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título; criar cargos; contratar hora extra; entre outras vedações.” Durante a campanha eu dizia: não queremos a corrupção do passado, nem a incompetência do presente. Está aí a prova da incompetência que eu falava.

Ao ver uma manchete como a citada acima, lembro-me da decisão do comandante geral da PM ao aceitar o reajuste do auxílio moradia. Naquele período evitei atacá-lo. O tempo mostra que ele estava certo. A forma pode ter sido equivocada, mas a decisão foi correta. Basta ver nossos contra-cheques. Chega um momento em que alguém precisa decidir. Ele decidiu. Alguns queriam apenas manter o caos naquele período pensando nas eleições. Eram os defensores da “oposição insana”. Outro ponto que me faz refletir é sobre o que ganhamos com o não envio da reestruturação? E o que perdemos? Naquele momento havia clima político para tentar emplacá-la. Só faltava chegar ao consenso em alguns pontos “polêmicos”. Nos próximos anos poderíamos lutar por outras conquistas. Agora teremos que voltar a mesma pauta. Por isso a importância de analisarmos com cautela cada fato e não seguirmos os “opositores insanos”. Política se faz conversando. Vamos focar na política de bastidores. Na negociação e no diálogo.

Sobre o “limite prudencial” lembramos que é fato recorrente. Em 2011, a administração pública local se aproximou do limite prudencial previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). À época, o Governo do Distrito Federal justificou a situação dizendo que o risco de extrapolar a norma era fruto de benefícios salariais concedidos em 2009 e 2010, dentre eles os da PM.  Com o sinal amarelo, o Governador Agnelo Queiroz (PT) baixou um decreto para ser aplicado pela administração pública ao longo de 2012.  A meta do Executivo era economizar R$ 153 milhões até o fim do segundo mandato. Após o decreto, o discurso era para segurar gastos. Não seriam dados reajustes aos servidores e novas contratações só seriam autorizadas se fossem consideradas prioritárias, como saúde, educação e segurança, ou em situações pontuais. Mesmo com tudo isso as categorias da segurança pública saíram vitoriosas. Em especial a Polícia Militar. Precisamos aprender com o passado para construir o futuro!

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Aderivaldo Cardoso é Especialista em Segurança Pública e Cidadania, formado pelo Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UNB).

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