Arquivo do dia: novembro 19, 2013

TEORIA DAS JANELAS PARTIDAS

Imagem

Há alguns anos, a Universidade de Stanford (EUA), realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor, abandonadas na via pública. Uma no Bronx, zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada local.

Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram.Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

Mas a experiência em questão não terminou aí. Quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os pesquisadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto. O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. Por quê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso? Evidentemente, não é devido à pobreza, é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma idéia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação. Faz quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras. Induz ao “vale-tudo”. Cada novo ataque que a viatura so fre reafirma e multiplica essa idéia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.

Baseados nessa experiência, foi desenvolvida a ‘Teoria das Janelas Partidas’, que conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores. Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.

Se se cometem ‘pequenas faltas’ (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar com o sinal vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e delitos cada vez mais graves.Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pesso as forem adultas.

Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas, estes mesmos espaços são progressivamente ocupados pelos delinquentes.

A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: lixo jogado no chão das estações, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.

Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de ‘Tolerância Zero’. A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às norm as de convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.

A expressão ‘Tolerância Zero’ soa a uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinqüente, pois aos dos abusos de autoridade da polícia deve-se também aplicar-se a tolerância zero.

Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito.Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.

Essa é uma teoria interessante e pode ser comprovada em nossa vida diária, seja em nosso bairro, na rua onde vivemos.

A tolerância zero colocou Nova York na lista das cidades seguras.

Esta teoria pode também explicar o que acontece aqui no Brasil com corrupção, impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, etc.

Reflita sobre isso!

  The police and neighborhood safety BROKEN WINDOWS by JAMES Q WILSON AND GEORGE L. KELLING

James Q. Wilson is Shattuck Professor of Government at Harvard and author of Thinking About Crime. George L. Kelling, formerly director of the evaluation field staff of the Police foundation, is currently a research fellow at the John F Kennedy School of Government Harvard

Fonte: http://clinicaalamedas.wordpress.com/2013/08/25/teoria-das-janelas-partidas/

 acesse o artigo

http://www.manhattan-institute.org/pdf/_atlantic_monthly-broken_windows.pdf

1 comentário

Arquivado em polícia militar

As elites e a eficiência da polícia

Elites não querem polícia eficiente, diz especialista

A face mais visível do combate à violência é a das forças de segurança do Estado, em especial a polícia, da qual se esperam soluções imediatas para o problema.
Mas em diversos países da América Latina – e o Brasil não é exceção à regra – a polícia não é conhecida nem pela sua eficiência nem pelo respeito aos direitos dos cidadão.
O americano Paul Chevigny, um especialista em forças de segurança na América Latina da Universidade de Nova York, adverte porém que, se a polícia não responde aos anseios dos cidadãos, isso em grande medida se deve ao desinteresse de setores influentes de uma sociedade.
”Um tempo atrás, um delegado brasileiro disse que as classes privilegiadas não querem uma polícia eficiente, e sim uma que aja com dureza contra os mais pobres”, afirma Chevigny. “Eu acho que há muita verdade nesta afirmação.”
Cultura
Chevigny segue o raciocínio de outros analistas que estudam o desempenho das polícias latino-americanas e vêem uma corporação nem sempre preocupada em proteger todos os cidadãos de uma forma eqüânime.
Ele vê problemas tanto na cultura da polícia quanto em setores mais amplos da sociedade que acabam se refletindo no comportamento dos homens da lei.
“Enquanto houver tanta corrupção nos países latino-americanos, os problemas da polícia não têm como ser resolvidos”, diz Chevigny.
“A incapacidade da polícia de combater o crime de uma forma efetiva em grande parde se deve a um sistema em que políticos querem que crimes de grande expressão não sejam investigados.”
Por esse motivo, segundo Chevigny, antes de cobrar uma postura mais correta das forças de segurança, o que a sociedade deve fazer primeiro é olhar para si mesma.
”Os policiais brasileiros não são estúpidos, eles podem ser treinados para fazer seu trabalho muito bem. Mas o sistema inteiro encoraja a polícia a agir de uma forma violenta.”
Primeiro passo
Mas Chevigny, autor de estudos sobre as polícias do Brasil, da Argentina e da Jamaica, reconhece que não é possível esperar a solução de todos os problemas que afligem um país antes de reformar a polícia para torná-la mais eficiente.
Ele diz que é possível tomar algumas medidas imediatas para melhorar a situação. No caso brasileiro, Chevigny recomenda, como primeiro passo, o fim da organização militar das diversas forças policiais.
“A polícia no Brasil fuciona como se fosse um exército”, diz Chevigny.
“Esse é o jeito errado de organizar a polícia porque não existe um inimigo. O povo não é o inimigo.”
Na opinião de Chevigny, esse tipo de organização faz com que os policiais sejam premiados por bravura até quando cometem violações aos direitos humanos – chegando a extremos como premiar os agentes que matam mais pessoas quando estão trabalhando.
Já o sociólogo venezuelano Roberto Briceño-León afirma que, para se tornarem mais eficientes e confiáveis, os policiais precisam receber treinamento e ser tratados com mais respeito, o que inclui o pagamento de melhores salários.
Caso contrário, a população vai perdendo a confiança nas forças de segurança e começa a chamar para si mesma as responsabilidades da polícia.
“A classe média olha para a polícia e, se não fica satisfeita, pensa em se armar, em privatizar a segurança”, afirma Briceño-León.

Deixe um comentário

Arquivado em polícia militar