Arquivo do dia: outubro 1, 2013

Hoje é um dia especial: 14 anos dos 23 e 24 mil na PMDF

Há exatos quatorze anos eu ingressava na PMDF, um jovem, um menino, de apenas 22 anos. Entrava no CFAP, na caserna, em um novo mundo. Tive que aprender uma nova língua, uma nova forma de andar, no início não foi fácil. No pátio era sempre correndo, diante de vários gritos: “Aluno é correndo!”. O “SGT Lima” meu grande mestre!

Meus filhos pequenos, um com dois anos e meio (Gabriel) e uma com quatro meses (Giuliana), uma casa apertada, um fusca velho, o dinheiro curto, pouco tempo para dormir. A PMDF mudou minha vida. Deu-me identidade, dignidade, maturidade.

Um curso cheio de alegrias, Adevibraldo era meu apelido. Marchava com entusiasmo, sem muita rebeldia, com o peito cheio de alegria. Lá fiz vários amigos, companheiros de grandes jornadas. Aprendi que o que nos diferencia do bandido é a nossa conduta, a nossa farda, que o pior bandido é o bandido fardado, pois é o que mais nos  coloca em risco.

Aqui vi amigos partir, chorei, sofri, sorri. A partida de dois deles até me hoje faz chorar: minha amiga Karina e meu amigo Walkenis sempre vão me acompanhar.  Do Terceiro Batalhão tenho grandes lembranças, mas o Proerd é minha grande paixão, fui do Águia, da DP, Força Nacional e do CTEsp. Fui aluno, professor, instrutor…

Por incrível que pareça o dia mais triste da minha vida até hoje foi o dia que me senti mais acolhido nesta corporação. Ver amigos ao meu lado, me dando um abraço, uma palavra, um carinho, foi a maior prova de espírito de corpo que vi. Não tenho palavras para descrever tudo que sinto…

Agradeço a Deus pela oportunidade de entrar nesta corporação. Aqui me tornei respeitado, aqui aprendi a respeitar. Amo minha profissão, amo meus amigos, amo as lembranças desse lugar.

Parabéns a todos os 23 e 24 mil, irmãos de curso, irmãos de farda, companheiros, pois foram aqueles que um dia eu dividi o pão! Obrigado por tudo!

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Onda de suicídios assusta

Em um ano, 11 agentes da PF tiraram a própria vida. Atualmente, policiais morrem mais por suicídio do que durante combate ao crime. Conheça as possíveis causas desse cenário dramático

Josie Jeronimo e Izabelle Torres

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DRAMA
Em 40 anos, 36 policiais federais perderam a vida no cumprimento da função.
Um terço desse total morreu por suicídio apenas entre 2012 e 2013

Vista do lado de fora, a Polícia Federal é uma referência no combate à corrupção e ainda representa a elite de uma categoria cada vez mais imprescindível para a sociedade. Vista por dentro, a imagem é antagônica. A PF passa por sua maior crise interna já registrada desde a década de 90, quando começou a ganhar notoriedade. Os efeitos disso não estão apenas na queda abrupta do número de inquéritos realizados nos últimos anos, que caiu 26% desde 2009. Estão especialmente na triste história de quem precisou enterrar familiares policiais que usaram a arma de trabalho para tirar a própria vida. Nos últimos dez anos, 22 agentes da Polícia Federal cometeram suicídio, sendo que 11 deles aconteceram entre março de 2012 e março deste ano: quase um morto por mês. O desespero que leva o ser humano a tirar a própria vida mata mais policiais do que as operações de combate ao crime. Em 40 anos, 36 policiais perderam a vida no cumprimento da função. Para traçar o cenário de pressões e desespero que levou policiais ao suicídio, ISTOÉ conversou com parentes e colegas de trabalho dos mortos. O teor dos depoimentos converge para um ponto comum de pressão excessiva e ambiente de trabalho sem boas perspectivas de melhoria.

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FALTA DE ESTRUTURA
Agentes trabalham amordaçados em protesto contra condições desumanas de trabalho

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) no ano passado mostrou que por trás do colete preto, do distintivo, dos óculos escuros e da mística que transformou a PF no ícone de polícia de elite existe um quatro grave. Depressão e síndrome do pânico são doenças que atingem um em cada cinco dos nove mil agentes da Polícia Federal. Em um dos itens da pesquisa, 73 policiais foram questionados sobre os motivos das licenças médicas. Nada menos do que 35% dos entrevistados responderam que os afastamentos foram decorrentes de transtornos mentais como depressão e ansiedade. “O grande problema é que os agentes federais se submetem a um regime de trabalho militarizado, sem que tenham treinamento militar para isso. Acreditamos que o problema está na estrutura da própria polícia”, diz uma das pesquisadoras da UnB, a psicóloga Fernanda Duarte.

O drama dos familiares dos policiais que se suicidaram está distribuído nos quatro cantos do País. A última morte registrada em 2013 ainda causa espanto nas superintendências de Roraima, onde Lúcio Mauro de Oliveira Silva, 38 anos, trabalhou entre dezembro do ano passado e março deste ano. Mauro deixou a noiva no Rio de Janeiro para iniciar sua vida de agente da PF em Pacaraima, cidade a 220 quilômetros de Boa Vista. Nos 60 dias em que trabalhou como agente da PF, usou o salário de R$ 5 mil líquidos para dar entrada em financiamento de uma casa e um carro. O sonho da nova vida acabou com um tiro na boca, na frente da noiva. Cinco meses se passaram desde a morte de Mauro e o coração de sua mãe, Olga Oliveira Silva, permanece confuso e destroçado. “A Federal sabia que ele não tinha condições de trabalhar na fronteira. Meia hora antes de morrer, ele me ligou e disse: Mainha, eu amo a senhora. Perdoa eu ter vindo pra cá sem ter me despedido”.

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Relatos de colegas de Mauro dão conta que ele chegou a sofrer assédio moral pela pouca produtividade, situação mais frequente do que se poderia imaginar. Como ele, cerca de 50% dos agentes federais já chegaram a relatar casos de assédio praticados por superiores hierárquicos. Essas ocorrências, aliadas a fatores genéticos, à formação de cada um e à falta de perspectivas profissionais, são tratadas por especialistas como desencadeadoras dos distúrbios mentais. “A forma como a estrutura da polícia está montada tem causado sofrimento patológico em parte dos agentes. Há dificuldades para enfrentar a organização hierárquica do trabalho. As pessoas, na maioria das vezes, sofrem de sentimentos de desgaste, inutilidade e falta de reconhecimento. Não é difícil fazer uma ligação desse cenário com as doenças mentais”, afirma Dayane Moura, advogada de três famílias de agentes que desenvolveram doenças psíquicas.

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Os distúrbios mentais e a ocorrência de depressão em policiais são geralmente invisíveis para a estrutura da Polícia Federal. De acordo com o Sindicato dos Policiais do Distrito Federal, há apenas cinco psicólogos para uma corporação de mais de dez mil pessoas. Não há vagas para consultas e tampouco acompanhamento dos casos. Foi nessa obscuridade que a doença do agente Fernando Spuri Lima, 34 anos, se desenvolveu. Quando foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em julho do ano passado, a Polícia Federal chegou a cogitar um caso de vingança de bicheiros, uma vez que ele tinha participado da Operação Monte Carlo. Dias depois, entretanto, descobriu-se que Spuri enfrentava uma depressão severa há meses. O pai do agente, Fernando Antunes Lima, reclama da falta de estrutura para um atendimento psicológico no departamento de polícia. “Os chefes estão esperando quantas mortes para tomar uma ação? Isso é desumano e criminoso”, diz ele.

O drama de quem perdeu um familiar por suicídio não se limita aos jovens na faixa dos 30 anos. Faltavam dois anos para Ênio Seabra Sobrinho, baseado em Belo Horizonte, se aposentar do cargo de agente da Polícia Federal. Com histórico de transtorno psicológico, o policial já havia comunicado à chefia que não se sentia bem. Solicitou, formalmente, ajuda. Em resposta, a PF mandou dois agentes à sua casa para confiscar sua arma. Seabra foi então transferido para o plantão de 24 horas, quando o policial realiza funções semelhantes às de um vigia predial. A missão é considerada um castigo, pois não exige qualquer treinamento. No dia 14 de outubro de 2012, Seabra se matou, aos 49 anos. Apesar de estar perto da aposentadoria, a família recebe pensão proporcional com valor R$ 2 mil menor do que os vencimentos do agente, na ativa.

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Fruto de uma especial combinação de fatores negativos, internos e externos, o suicídio nunca foi uma tragédia de fácil explicação para a área médica nem para estudiosos da vida social. Lembrando que toda sociedade, em qualquer época, tem como finalidade essencial defender a vida de seus integrantes, o sociólogo Émile Durkheim (1858-1917) demonstrou que o suicídio é a expressão mais grave de fracasso de uma comunidade e que raramente pode ser explicado por uma razão única. Ainda que seja errado apontar para responsabilidades individuais, a tragédia chegou a um nível muito grande, o que cobra uma resposta de cada parcela do Estado brasileiro que convive com esse drama.

fotos: Cesar Greco / Foto arena; Adriano Machado

Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/321921_ONDA+DE+SUICIDIOS+ASSUSTA?pathImagens&path&actualArea=internalPage

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A profissão de policial está entre as dez piores

Pesquisa classifica atividade de engenheiro como a melhor do país e a de motorista de ônibus, a pior. Perspectivas de crescimento e remuneração foram avaliadas

Mariana Niederauer

Publicação: 29/09/2013 18:20 Atualização: 30/09/2013 12:22

A engenheira civil Bruna aposta nas chances de ascensão profissional (Breno Fortes/CB/D.A Press)
A engenheira civil Bruna aposta nas chances de ascensão profissional

Potencial financeiro, ambiente de trabalho adequado e demanda de mercado são fatores que pesam na valorização de qualquer carreira e foram as características levadas em consideração na pesquisa feita pelo site Adzuna para analisar o perfil das vagas anunciadas. O levantamento concluiu que motorista de ônibus e entregador são os piores empregos do país. Na outra ponta do ranking, engenharia e tecnologia da informação foram eleitas as melhores ocupações de 2013.

“É um mercado que valoriza o trabalhador e dá muita chance de crescimento”, destaca a engenheira civil Bruna Mundel, 24 anos. Quando ela entrou na faculdade ainda não havia começado o aquecimento da construção civil em Brasília. O crescimento do mercado, no meio da graduação, foi um incentivo para ela investir ainda mais nos estudos. Formada há seis meses, já foi contratada e vê chances claras de crescimento profissional.

De acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o país tem 663,5 mil engenheiros, 10,6 mil deles são registrados no Distrito Federal. O piso salarial nacional é de R$ 4.068, mas em quase todas as áreas a remuneração média passa de R$ 5 mil. Na engenharia civil, que tem o maior número de graduados, a média é de R$ 5,8 mil, de acordo com dados do último Censo Demográfico. O coordenador de engenharia civil do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Jocinez Nogueira Lima, explica que a valorização da profissão está ligada ao crescimento do país, que fez aumentar a procura por profissionais para trabalharem em obras de infraestrutura urbana. Atualmente, o desafio é formar mão de obra. “Tivemos um período econômico ruim. Isso fez com que se formassem pouquíssimos profissionais. Além disso, eles foram para outras áreas. O crescimento mais forte da economia nos últimos anos e o gargalo na formação geraram essa demanda.”

Essa busca por profissionais também foi um dos fatores que ajudaram na boa posição no ranking dos profissionais de TI. Pesaram positivamente também o aumento salarial e os melhores ambientes de trabalho. Sergio Sgobbi, diretor de Recursos Humanos e Competitividade da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), destaca que esses profissionais, muitas vezes, podem exercer as tarefas de casa. Outra característica essencial, na avaliação do especialista, é a forte ligação da profissão com o mundo atual, em que os aplicativos e a tecnologia em geral é usados no cotidiano de qualquer trabalhador, independentemente da área de atuação. “Aparecem alguns diferenciais na hora em que você começa a usar tecnologia da informação em qualquer área: otimização de tempo, redução de custos e melhora na competitividade.”

Estresse ao volante

Prazos curtos, baixo potencial de aumento de salário e jornada de trabalho longa e cansativa foram os fatores que puxaram para baixo as notas das atividades de motorista de ônibus e entregador e as colocaram no topo do ranking dos piores empregos. Jaime Bueno Aguiar, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT), enumera os problemas da profissão de motorista de ônibus: eles começam pelo trânsito das grandes cidades, passam pela dupla função exercida por esses profissionais em alguns casos — as de motorista e de cobrador — e eclodem na chamada dupla pegada: os empresários aumentam a frota nos horários de pico e diminuem nos outros. Os motoristas, no entanto, ficam à disposição nesse período, mesmo que não estejam conduzindo os veículos. Os salários também entram nessa lista. Segundo Aguiar, a média não passa de R$ 1,7 mil. “Muitas categorias tiveram aumento de salário significativo em função do aumento da demanda, mas os motoristas, não. Isso gerou um achatamento vergonhoso da remuneração.”

O motorista Leonardo culpa o trânsito caótico pelas condições ruins (Breno Fortes/CB/D.A Press)
O motorista Leonardo culpa o trânsito caótico pelas condições ruins

Motorista de ônibus há mais de 20 anos, Leonardo Didimo, 53, culpa as tensões do trânsito pelas condições ruins da atividade. “Em Brasília, a situação nas ruas está cada dia mais caótica. Eu não tenho que me preocupar apenas com o meu serviço, preciso sempre estar atento ao que os outros motoristas estão fazendo”, relata. Ele já teve complicações no nervo ciático por causa do acelerador duro do veículo e afirma que, muitas vezes, os passageiros também contribuem para o estresse da profissão. “É muito comum as pessoas descontarem nos motoristas e nos cobradores tensões da vida pessoal. Acabamos absorvendo isso”, conta.

Escolha consciente
O gerente regional da Adzuna, João Francisco de Lemos, observa que a mesma pesquisa é feita na Inglaterra e usada pelo governo para acompanhar o mercado de trabalho local e obter informações sobre o crescimento econômico. “O objetivo é ajudar as pessoas a entenderem o mercado de trabalho e a escolherem a profissão. E, em segunda instância, contribuir para a formulação de algumas políticas públicas.”

Para o coach Sílvio Celestino, sócio-fundador da Alliance Coaching, existem dois fatores primordiais para que a carreira seja satisfatória: a possibilidade de realização e a de manter o padrão de vida. “Essas profissões que estão em declínio são as que não têm possibilidade de realização. Além de serem estressantes, o futuro delas é muito incerto”, destaca. Não é à toa que os dois empregos considerados melhores na pesquisa — engenheiro e profissional de TI — também são os mais promissores para 2014. Na opinião do especialista, a forma de valorizar as profissões que hoje são consideradas estressantes e problemáticas é agregar a tecnologia para trazer sofisticação. “Mais importante do que a pessoa avaliar as áreas que serão favoráveis no futuro, é ela ter noção de qual é o propósito de realização profissional e manter em vista o equilíbrio entre realização e situação financeira”, acrescenta.

O salário, porém, não é o único elemento que sustenta a qualidade do trabalho, como lembra o professor Marco Tulio Zanini, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV). O relacionamento com o superior direto, por exemplo, costuma ser fator preponderante. “Se essa relação está preservada, ela se torna um elemento motivador”, ressalta. A falta de sentido para o trabalho é outro problema listado pelo especialista. O emprego acaba virando um meio de sobrevivência para o funcionário, em vez de um propósito. “Temos uma cultura muito autoritária no Brasil, que parte do pressuposto de que as pessoas têm pouco a contribuir. Quando conseguimos essa contribuição no ambiente organizacional, valorizamos mais o funcionário. Isso também faz parte de um processo de levar dignidade ao trabalho.”

Já o consultor e especialista em Melhoria Contínua Enio Feijó defende que um bom emprego depende do alinhamento entre as expectativas do funcionário e do empregador. De um lado, o profissional precisa superar as expectativas e entregar os melhores resultados e, do outro, a empresa tem de oferecer a melhor remuneração — que inclui não penas o dinheiro mas também as necessidades de autorrealização do profissional. “É preciso que ambas as partes queiram continuar trabalhando juntas, entendam que uma depende da outra e queiram superar os requisitos básicos do contrato.”

2 mil profissões a mira
Adzuna.com.br é uma ferramenta de pesquisa de empregos que reúne as ofertas publicadas on-line. A pesquisa foi feita com as vagas anunciadas este ano e analisou mais de 2 mil profissões para elaborar os rankings. Além dos melhores e piores empregos, foram eleitos os mais estressantes — médicos e professores — e os menos estressantes — bibliotecários e tradutores.

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